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Sindicalista da UGT contra “lógica da continuidade” e pede mudanças a Costa

O dirigente sindical da UGT José Abraão, insurgiu-se hoje, durante a reunião da Comissão Nacional do PS, contra discursos pela “lógica da continuidade” e pediu ao líder, António Costa, que se vire a página com mudanças efectivas.

José Abraão, dirigente sindical da administração pública, e António Marçal, este presidente do Sindicato dos Funcionários Judiciais, fizeram até agora as intervenções mais críticas desta reunião da Comissão Nacional do PS, que decorre em Coimbra.

Fonte socialista disse que José Abraão pediu a palavra para contestar a defesa da “lógica da continuidade” do Governo inerente a vários dos discursos antes proferidos nesta reunião.

“Não concordo com essa continuidade, é preciso mesmo virar a página, ter mais em consideração as pessoas e valorizar efectivamente os serviços públicos”, contrapôs o dirigente da UGT.

José Abraão disse aceitar que a actual conjuntura coloca desafios difíceis ao nível da governação, mas considerou que na acção do Governo “falta comunicação com as pessoas, saber ouvi-las”.

“Depois, não basta andar a anunciar medidas. É preciso fazer”, afirmou, e apontou um exemplo: “Por várias vezes já foi anunciado o novo sistema de avaliação da administração pública”.

“É preciso fazer. Desculpem, mas sou uma voz inconformada”, rematou, num recado destinado à direcção do PS e aos membros do Governo presentes na reunião.

Nesta mesma reunião, o sindicalista António Marçal alertou para a “necessidade de se resolver os problemas dos funcionários judiciais”, falando em “falta de trabalhadores, de promoções, de condições de trabalho”.

“Somos a única carreira do judiciário ainda sem revisão. Temos situações que aguardam resolução há já tempo demais, como é o caso da integração do suplemento – uma questão que já se arrasta desde os tempos em que António Costa desempenhou [funções] de ministro da Justiça” no segundo Governo de António Guterres.

António Marçal considerou que “não é trabalho digno pagar menos 800 euros a um oficial de Justiça que é obrigado a trabalhar em Lisboa, onde um quarto custa entre 400 e 500 euros, estando deslocado centenas de quilómetros da sua residência”.

in Campeão das Províncias – 14.jan.2023 – https://www.campeaoprovincias.pt/noticia/sindicalista-da-ugt-contra-logica-da-continuidade-e-pede-mudancas-a-costa?fbclid=IwAR1AdoD5gCKsp2WD0PGsfTht39ZjX3eJHK0YTg9oY0ky_VddDsn_F7jTofs

Funcionários judiciais prometem o protesto “mais duro” dos últimos anos

O Sindicato dos Funcionários Judiciais (SFJ) agendou, para 15 de fevereiro deste ano, o início de uma greve de dois meses que poderá adiar centenas de julgamentos e outras diligências, como também afetar os pagamentos a administradores de insolvência e a advogados que prestam apoio judiciário.

O protesto é o “mais duro” realizado nos últimos anos pelos funcionários judiciais, que têm regularmente cumprido paralisações de poucos dias ou às horas extraordinárias, reconhece, ao JN, o presidente do SFJ, António Marçal. Em causa está o “silêncio do Governo”, liderado por António Costa (PS), face aos problemas sentidos por aqueles profissionais.

O SFJ anunciou esta terça-feira, em comunicado, que “deliberou apresentar pré-aviso de greve […] às audiências de julgamento/diligências de arguidos não privados da liberdade, aos atos contabilísticos, aos registos estatísticos no ‘Citius’ e à confirmação dos pagamentos aos advogados no âmbito do apoio judiciário, a vigorar entre 15 de fevereiro de 2023 e 15 de abril de 2023”.

A decisão foi tomada “após reunião com outras estruturas sindicais” de áreas tuteladas pelo Ministério Justiça” e entre os presidentes do SFJ e do Sindicato dos Oficiais de Justiça, Carlos Almeida.

In JN – 03.jan.2023 – https://www.jn.pt/justica/funcionarios-judiciais-prometem-o-protesto-mais-duro-dos-ultimos-anos-15593656.html?fbclid=IwAR20sIcTp5_u5ZbqMs4CStdd08z2OqPwh73Nwz93KExvRqLSgmXdd9lmZXI

Algo terá de mudar

Tendo em conta a época em que nos encontramos, mais um ano que chega ao fim, não podíamos deixar de fazer um balanço, que, por exigências próprias da classe, necessita ser realista.
Somos uma profissão que se revela de primordial importância, por força da qualidade da justiça que necessita estar ao serviço do cidadão.
Se até os próprios Magistrados admitem a escassez gritante de Oficiais de Justiça, facto refletido nos relatórios das 23 Comarcas, como podemos nós próprios aceitar que a tutela nos queira substituir por outros trabalhadores sem as mesmas qualificações.
Na verdade, tal acaba por deixar perplexos e com um sentimento de profunda injustiça, aqueles que todos os dias dão o sangue, suor e lágrimas em nome de uma justiça que não deve, nem pode parar.
Apesar de ainda precocemente, com a tomada de posse da nova Ministra da Justiça, se ter gerado algum alento inicial, o mesmo depressa se desvaneceu. As palavras continuam bonitas, as promessas jorram acompanhadas de largos sorrisos, mas a realidade é só uma: os Oficiais de Justiça continuam em agonia e sem esperança no horizonte.
O balanço foi claramente negativo: foi mais um ano em que apenas se conseguiu uma mão cheia de nada e um saco cheio de promessas vãs.
Algo terá de mudar e depressa. É certo que não aceitaremos mais promessas.
in Correio da Manhã – 27 de dezembro de 2022