Recortes de Imprensa

A Força do Diálogo – Correio da Justiça – CMJornal

A concertação social é o alicerce de uma democracia madura. Mais do que um espaço de negociação, é um palco para o diálogo, onde interesses divergentes se encontram para construir consensos. Contudo, diálogo pressupõe algo fundamental: abertura. Se uma das partes se fecha, erguendo muros em vez de pontes, o que resta não é diálogo, mas o monólogo da força e do poder.

Citando Norberto Bobbio, “o poder democrático é o poder das regras, não o poder da força”.

Sem regras baseadas na reciprocidade e na abertura, a concertação transforma-se em imposição, aproximando-se dos traços sombrios dos regimes ditatoriais, onde o dissenso é silenciado.

Uma sociedade que não valoriza o diálogo condena-se à estagnação e ao conflito. Na concertação social, a abertura não é sinal de fraqueza, mas de coragem e maturidade. Quando empregadores, sindicatos e governo dialogam de boa-fé, todos ganham. É neste equilíbrio entre a firmeza dos princípios e a flexibilidade das soluções que se fortalece a democracia e a justiça social.

Como lembrou Martin Luther King: “A verdadeira paz não é apenas a ausência de tensão; é a presença da justiça.”

O Perigo de Negociar Só com Quem Não Luta – Correio da Justiça – CMJornal

Nos últimos tempos, tem-se assistido a uma prática preocupante por parte dos governos: negociar apenas com estruturas sindicais que não estejam em luta ativa. Esta estratégia, além de imoral, é um grave atentado aos princípios éticos que devem guiar a governação e uma violação da Constituição da República Portuguesa e das convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

A Carta Magna assegura o direito à greve e à negociação coletiva, pilares fundamentais de uma democracia saudável. Já as convenções da OIT proíbem a discriminação sindical e garantem que todos os trabalhadores, independentemente da sua ação reivindicativa, sejam representados.

Ao excluir os sindicatos em luta, os governos promovem divisões artificiais entre trabalhadores, enfraquecem as reivindicações legítimas e ignoram a essência do diálogo social. Esta prática mina a confiança nas instituições e nos processos democráticos, sacrificando a justiça social em prol de interesses políticos de curto prazo.

Negociar é construir pontes, não erguê-las sobre o silêncio da luta.