Recortes de Imprensa
Greve dos funcionários judiciais com “forte impacto nacional” e encerramento de tribunais em várias comarcas
Sindicato dos Funcionários Judiciais refere que mobilização revela “a exaustão e o descontentamento generalizado dos oficiais de justiça face à estagnação das negociações e à desvalorização das carreiras”.
A Greve Nacional da Administração Pública está a ter um “forte impacto” no setor da Justiça, “com elevadas taxas de adesão e o encerramento de tribunais por todo o País, aponta o Sindicato dos Funcionários Judiciais esta sexta-feira, em comunicado.
“O movimento abrangeu todas as regiões judiciais, revelando a exaustão e o descontentamento generalizado dos oficiais de justiça face à estagnação das negociações e à desvalorização das carreiras”, lê-se na nota emitida e enviada às redações.
A Norte, o Palácio da Justiça em Braga esteve encerrado, assim como em Chaves e Vila Real.
Em Faro, 90% dos serviços aderiram à greve. Portimão registou uma adesão quase total, com 95%, adianta o comunicado.
“O Sindicato dos Funcionários Judiciais reafirma que sem oficiais de justiça não há justiça e exige respeito institucional, valorização remuneratória e correção das injustiças criadas pelo atual quadro estatutário”, lê-se na nota.
De acordo com o Sindicato, a mobilização existente demonstra que “os oficiais de justiça continuam a garantir o funcionamento dos tribunais com sentido de dever e sacrifício, mas recusam a desvalorização e a ausência de respostas concretas”.
in CMJornal.pt – Greve dos funcionários judiciais com “forte impacto nacional” e encerramento de tribunais em várias comarcas – Sociedade – Correio da Manhã
Chove no Tribunal S. João Novo – TVI – 22out2025
O espelho da greve – Correio da Justiça – CMJornal
A greve da Função Pública desta sexta-feira é mais do que uma paralisação, é o reflexo de um país cansado e de promessas vãs e de trabalhadores sem reconhecimento. Fala-se em modernizar, mas oferece-se sobrecarga; promete-se eficiência e entrega-se precariedade; proclama-se valorização, mas as carreiras continuam estagnada s. Vivemos num Estado que exige resultados sem apostar na satisfação nem na realização profissional, que pede alma no trabalho, mas retira a possibilidade de crescer. Impõe métricas sem cuidar das condições de trabalho, da segurança, da conciliação e da saúde mental, minando a vontade de produzir. Vivemos de estatísticas, como aquela que diz que dois comem um frango e metade cabe a cada um, mas na verdade só um é que comeu. Assim parece o Estado: cheio de números moldados à conveniência, vazio de humanidade. Nos tribunais, como noutros serviços públicos, há profissionais que envelhecem a servir a Justiça com sacrifício pessoal, ficando à margem como se fossem dispensáveis. Ninguém faz greve por gosto, faz-se por necessidade de se ser ouvido. Um país que desvaloriza quem o serve enfraquece-se por dentro e perde o sentido de justiça que o deveria guiar.

O IRS da retórica – Correio da Justiça – CMJornal
Luís Montenegro falou, em campanha, pela primeira vez sobre o Orçamento do Estado para 2026, apresentando-o como um “enorme esforço de justiça social” e destacando o “compromisso de descer o IRS de toda a gente, em particular da classe média”. Mas justiça social não se faz com retoques no IRS. Quem aufere rendimentos mais baixos já está isento e, para a maioria das famílias, a diferença será de poucos euros por mês, insuficiente para compensar o aumento do custo de vida, das rendas, da água, da luz e da cesta básica. Em 2026, os salários sobem o suficiente para enganar o olho, mas não o estômago, entre o aumento que mal cobre a inflação e o IRS que se diminui ao cidadão mas engorda as contas do Estado, o resultado é o mesmo: o Estado arrecada mais, devolve menos e deixa 133 mil processos da AIMA a entupir tribunais já sem meios. Enquanto isso, o IVA continua a pesar igual sobre ricos e pobres. A taxa é a mesma para todos, seja nos 6%, 13% ou 23%, e como o mais pobre gasta uma fatia muito maior do rendimento em consumo essencial, sente muito mais o peso do imposto. É o tributo mais cego e desigual do sistema, porque trata por igual quem vive em mundos opostos.
