Há quem fale da Justiça como se fosse uma máquina fria e previsível, imparcial até à indiferença, mas quem a vive por dentro sabe que não é assim, porque a Justiça é um organismo vivo, feito de pessoas e para pessoas, e, como qualquer corpo, adoece quando o coração se cansa. Laborinho Lúcio, juiz, pensador e humanista, via nela uma casa onde ainda mora gente, interessando-se não apenas pelas leis, mas pelo que está por detrás delas, o gesto, o olhar, o silêncio antes da decisão, e defendendo uma Justiça que fosse encontro e escuta, e não apenas sentença. Hoje, a pressa e a burocracia ocuparam o espaço da reflexão, transformando pessoas em estatísticas e a Justiça em números, esquecendo que o essencial não se mede, sente-se. Humanidade não é ideia, é o bem comum em ato, que começa nas mãos de quem serve o sistema com rigor e resiliência, muitas vezes sem o reconhecimento que merece. Nesta semana, o Sindicato dos Funcionários Judiciais presta homenagem a Álvaro Laborinho Lúcio, esse grande homem que nos lembrou que a Justiça, antes de ser palco, é casa, e que servir é ainda a mais alta forma de amor ao bem comum.

