A justiça, sustentáculo essencial na arquitetura democrática, treme sob o peso da escassez. Os casos nos tribunais de Cascais e Sintra são apenas a ponta do iceberg, os sinais de alerta diante dos perigos iminentes. A urgência clama por ação. O novo governo, enfrenta uma encruzilhada crítica. A falta de oficiais de justiça não é apenas uma lacuna num organigrama – é uma ferida aberta no tecido social. Não é aceitável que, ao não investir decididamente no recrutamento de novos funcionários, se tente colmatar as lacunas com medidas excecionais, perpetuando uma injustiça gritante entre funcionários que desempenham as mesmas funções – uns auferem cerca de 900€ líquidos, enquanto outros veem os seus rendimentos aumentados em 1020€ através de ajudas de custo. Da mesma forma, não se vislumbra qualquer equidade para os funcionários cujas unidades orgânicas são deslocadas, como é o caso daqueles que trabalham no Tribunal de Comércio de Vila Franca de Xira, localizado de facto em Loures, sem que isso se traduza em ajudas de custo. É imperativo que os novos governantes confrontem esta realidade de frente. O aumento do contingente de oficiais de justiça não é uma mera escolha, mas sim uma necessidade premente.