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Greve dos funcionários judiciais com “forte impacto nacional” e encerramento de tribunais em várias comarcas

Sindicato dos Funcionários Judiciais refere que mobilização revela “a exaustão e o descontentamento generalizado dos oficiais de justiça face à estagnação das negociações e à desvalorização das carreiras”.

A Greve Nacional da Administração Pública está a ter um “forte impacto” no setor da Justiça, “com elevadas taxas de adesão e o encerramento de tribunais por todo o País, aponta o Sindicato dos Funcionários Judiciais esta sexta-feira, em comunicado.

“O movimento abrangeu todas as regiões judiciais, revelando a exaustão e o descontentamento generalizado dos oficiais de justiça face à estagnação das negociações e à desvalorização das carreiras”, lê-se na nota emitida e enviada às redações.

O Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) registou 80% de adesão. O Campus de Justiça registou cerca de 20 julgamentos adiados e o Tribunal do Trabalho esteve encerrado, adianta o Sindicato. Almada e Montijo também viram alguns serviços judiciais encerrados, assim como o Barreiro, onde o DCIAP não abriu portas.

A Norte, o Palácio da Justiça em Braga esteve encerrado, assim como em Chaves e Vila Real.

Em Faro, 90% dos serviços aderiram à greve. Portimão registou uma adesão quase total, com 95%, adianta o comunicado.

“O Sindicato dos Funcionários Judiciais reafirma que sem oficiais de justiça não há justiça e exige respeito institucional, valorização remuneratória e correção das injustiças criadas pelo atual quadro estatutário”, lê-se na nota.

De acordo com o Sindicato, a mobilização existente demonstra que “os oficiais de justiça continuam a garantir o funcionamento dos tribunais com sentido de dever e sacrifício, mas recusam a desvalorização e a ausência de respostas concretas”.

in CMJornal.pt – Greve dos funcionários judiciais com “forte impacto nacional” e encerramento de tribunais em várias comarcas – Sociedade – Correio da Manhã

O espelho da greve – Correio da Justiça – CMJornal

A greve da Função Pública desta sexta-feira é mais do que uma paralisação, é o reflexo de um país cansado e de promessas vãs e de trabalhadores sem reconhecimento. Fala-se em modernizar, mas oferece-se sobrecarga; promete-se eficiência e entrega-se precariedade; proclama-se valorização, mas as carreiras continuam estagnada s. Vivemos num Estado que exige resultados sem apostar na satisfação nem na realização profissional, que pede alma no trabalho, mas retira a possibilidade de crescer. Impõe métricas sem cuidar das condições de trabalho, da segurança, da conciliação e da saúde mental, minando a vontade de produzir. Vivemos de estatísticas, como aquela que diz que dois comem um frango e metade cabe a cada um, mas na verdade só um é que comeu. Assim parece o Estado: cheio de números moldados à conveniência, vazio de humanidade. Nos tribunais, como noutros serviços públicos, há profissionais que envelhecem a servir a Justiça com sacrifício pessoal, ficando à margem como se fossem dispensáveis. Ninguém faz greve por gosto, faz-se por necessidade de se ser ouvido. Um país que desvaloriza quem o serve enfraquece-se por dentro e perde o sentido de justiça que o deveria guiar.