Page 34 - Citote
P. 34

                                 A nova era
covid-19 trouxe consigo novos olhares e novos modos do “facere”,
e uma dessas formas é “fazer o trabalho em casa
arrestos e mais diligências próprias do seu ofício. Também é de sua competência garantir o bom andamento do processo realizando todos os atos.
São os Oficiais de Justiça que representam a imagem dos serviços, são o rosto que surge no contacto com o interveniente processual e o advogado, têm a responsabilidade pela comunicação, pelo atendimento ao público.
O atendimento ao público requer competências
e tem regras:
• é preciso ouvir- num tribunal normalmente o utente está insatisfeito e precisa deitar cá para fora toda a sua situação, desabafar;
• é preciso explicar- passar informações corretas e completas, sem meias verdades, sem omitir fatos, e numa linguagem de fácil compreensão e entendimento, dado muitas vezes o cidadão não entender o conteúdo que lhe foi comunicado através das notificações diversas;
• é preciso acalmar os utentes- sendo
que o cliente do tribunal está numa situação pessoal sempre difícil, e só o facto de ali estarem já significa que têm um problema, estão ou ficam nervosos ou alterados, e se o problema ali subsiste há muito tempo (morosidade dos serviços), este nervosismo aumenta na mesma proporção;
• é preciso registar e reencaminhar informações;
• é preciso apontar caminhos, sugestões e procedimentos.
Dito isto, é necessário o reconhecimento da sociedade para a luta da classe, é muito importanteque os Oficiais de Justiça se sintam valorizados.
Se assim acontecer, e a sua essência profissional for vista pela sociedade que atende, e de quem trata, também, a sua entidade patronal
O Estado sentirá a pressão de o valorizar e reconhecer. É preciso unir razão e sensibilidade de uma maneira única e especial, despertando o desejo de defender a carreira de Oficial de Justiça. Os oficiais de Justiça que entregaram toda a vida, com dedicação, amor e todo empenho à sua profissão, uma época
sem computadores, sem fotocopiadoras, faxes para realizar as suas funções. Indo fazer as penhoras, citações, notificações de autocarro, à chuva e ao sol, a locais perigosos e a pessoas desesperadas, que pela vida criminosa ou financeira tinham as suas vidas em estados complicados. Para cumprirem prazos e manterem a justiça, equidade e lei em ordem os seus familiares tiveram muitas horas em fins- de-semana sem eles, porque até nesses dias iam e vão trabalhar.
Lutaram por “amor à camisola”, por sonhos e esperanças que lhes estavam asseguradas a fim de num fim da vida profissional terem uma vida digna e condigna. Sonho esse completamente retalhado.
Muitos com 37 a 40 anos de trabalho, começaram bastante novos, vêem agora a sua vida com grandes dificuldades financeiras, pelos cortes no valor da aposentação ou pela aplicação da nova formula no cálculo do valor da sua aposentação.
Os oficiais de justiça que estiveram, ou estão de baixa, na maioria devido a doenças do foro neurológico e
34 • CITOTE • www.sfj.pt
 













































































   32   33   34   35   36